Ao infinito e além

Em fase de acabamento, novo Centro de Ciências tem previsão de inauguração em março e promete se tornar atração turística de JF Vai servir para quê? É marrom...
Ao infinito e além

Em fase de acabamento, novo Centro de Ciências tem previsão de inauguração em março e promete se tornar atração turística de JF

Vai servir para quê? É marrom ou verde? O que são as calotas no alto? As perguntas são comuns para quem vê pela primeira vez o prédio do futuro Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que abrigará o planetário e o observatório de astronomia. A construção, encravada ao lado esquerdo da concha acústica e em frente à academia de ginástica a céu aberto, no campus, está em fase final de acabamento e se destaca por suas formas arredondadas e placas de alumínio furta-cor que mudam de coloração de acordo com a incidência da luz. A Tribuna visitou com exclusividade as instalações e pôde ver de perto a obra orçada em R$ 10 milhões e com nova previsão de inauguração em março de 2015, segundo o diretor do local, Eloi Teixeira. A estimativa anterior era setembro deste ano.

“Vamos inaugurar o prédio, sem o planetário e o observatório, com a exposição ‘Energia nuclear’, que já foi montada na Casa de Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na ocasião, o público poderá conhecer os aspectos benéficos e maléficos desse tipo de energia, com projeções e debates com cientistas da Comissão Nacional de Energia Nuclear”, divulga Eloi. Segundo ele, a previsão de abertura do restante do centro depende da instalação dos telescópios e equipamentos de projeção, o que deve acontecer até o final do primeiro semestre de 2015.

Ele ressalta que o prédio é muito mais que um planetário. “Será um espaço de educação científica não só para a comunidade acadêmica, mas também para a população da cidade e da região. Nosso objetivo é aproximar o público da ciência, e a tendência é que o centro se torne uma atração turística.” Atualmente, o Centro de Ciências, que funciona no Colégio de Aplicação João XXIII, recebe cerca de dois mil visitantes por mês, sendo que 90% são estudantes. “A expectativa é, com a nova sede, dobrar esse número e chegar a quatro mil pessoas mensalmente. Também vamos duplicar os roteiros de visitação de três para seis”, anuncia.

Prédio “camaleão”

Acompanhados também pelo coordenador do planetário, Cláudio Henrique da Silva Teixeira, e pela equipe de engenheiros da empresa Zaquieu, responsável pela obra, percorremos o local, formado por um prédio central de quatro andares, revestido de vidro espelhado, que terá função administrativa, e dois blocos que abrigarão o observatório e o planetário, ambos revestidos com uma espécie de material “camaleão”.

“Usamos aproximadamente dois mil metros quadrados de alumínio composto importado chamado ACM, desenvolvido através de nanotecnologia. As chapas são maleáveis e foram cortadas uma a uma, artesanalmente, para compor a fachada em curva. Conforme a luz, elas mudam de cor e fica esse efeito, ora marrom, ora verde, de acordo com o ângulo de visão”, explica o engenheiro Gustavo Barcelos Pereira, gerente de contratos da Zaquieu.

O acesso às dependências é feito por um amplo hall, com piso de granito preto, escadaria central de ferro e dois elevadores panorâmicos, que devem ser instalados até o final do mês. Os blocos do planetário e do observatório vão abrigar um salão de 200 metros quadrados voltado para exposição permanente de física, outro salão para as exposições itinerantes, quatro laboratórios – dois de química, um de biologia e um de física, o Museu de Malacologia, além de três anfiteatros com total de 220 lugares. “A ideia é que os visitantes possam participar de atividades correlatas. Por exemplo, 2015 é o ano internacional da luz, então teremos atividades relacionadas à óptica”, destaca Eloi.

Ainda dentro da proposta da interatividade, ele ressalta uma sala onde ficará a mostra “Célula ao alcance da mão”, voltada para deficientes visuais. “O material será todo tátil, com modelos de células e tecidos que poderão ser tocados e legendas em braile”, diz. No terceiro andar, uma ampla área com paredes de vidro permite uma bela vista da Praça Cívica e da concha acústica. O local será uma área de convivência e vai ganhar bancadas, refrigeradores, mesas e cadeiras para que os visitantes possam fazer seus lanches.

 

Sob o céu que nos protege

O quarto – e último, andar reserva as cerejas do bolo. Um terraço leva, de um lado, à cúpula do planetário e, de outro, à cúpula do observatório. O coordenador Cláudio Henrique da Silva Teixeira acabou de retornar de uma viagem de 15 dias à Alemanha, na cidade de Jena, onde participou de workshop na empresa Carl Zeiss, fabricante do projetor que será instalado em Juiz de Fora. “Foram quatro dias de curso para aprender a lidar com o equipamento híbrido, que conjuga projetor de lentes de fibra óptica e cinco aparelhos digitais, que operam através de um software”, conta.

Por enquanto, o domo de 13 metros de diâmetro só tem o piso, o esqueleto metálico da calota e um espaço no centro onde será instalado o projetor. Quando o lugar receber 96 poltronas reclináveis, uma tela de 180 graus e o equipamento de projeção, esse cinema científico promete uma experiência única. “O visitante poderá ver, por exemplo, a simulação de um céu com sete mil estrelas com a mesma tonalidade de cores e magnitude vistas a olho nu. Também poderá entender como funciona a rotação da Terra ou visualizar o céu de qualquer parte do planeta”, detalha. “Serão sessões com imagens e informações sobre astronomia, medicina e biologia. E ainda teremos a possibilidade de produzir sessões gerados a partir de imagens obtidas pelos nossos telescópios e outros trabalhos”, diz Cláudio.

Tido como um dos maiores telescópios para divulgação científica do país, o equipamento robótico de 20 polegadas de diâmetro da fabricante norte-americana Meade é, segundo Cláudio, um aparelho intermediário que atende muito bem à finalidade didática do observatório. “Aqui poderemos fazer pesquisas, buscar asteróides, observar astros e supernovas (estrela maciça que, num estágio avançado de sua evolução, explode), cronometrar efemérides (tábua astronômica que registra, em intervalos de tempo regulares, a posição relativa de um astro) e promover cursos e formação de professores. Nossa intenção também é montar um clube de astronomia para estimular o interesse das pessoas”, revela.

O telescópio, previsto para ser instalado até meados do ano que vem, será ancorado por pilar maciço de 12 metros de altura e que não tem contato com os pavimentos . “O pilar vai dar estabilidade ao equipamento e evitar trepidações quando os visitantes andarem no observatório”, explica. Ele lembra que o local contará também com dez telescópios móveis para trabalho de campo.

Visitantes poderão fazer lanche no salão envidraçado com vista para a Praça Cívica

Visitantes poderão fazer lanche no salão envidraçado com vista para a Praça Cívica

Planetário terá 96 cadeiras reclináveis e projetor da fabricante alemã Carl Zeiss

Planetário terá 96 cadeiras reclináveis e projetor da fabricante alemã Carl Zeiss

Hall de entrada no prédio principal terá dois elevadores panorâmicos

Hall de entrada no prédio principal terá dois elevadores panorâmicos

Cúpula do observatório vai abrigar um telescópio fixo de 20 polegadas

Cúpula do observatório vai abrigar um telescópio fixo de 20 polegadas

Fonte: Tribuna de Minas